quinta-feira, 6 de setembro de 2012

G4.1 em: Misturas

QUAL A DIFERENÇA ENTRE EXPERIÊNCIA E EXPERIMENTO? 

Entendemos que a possibilidade de aprender está intimamente ligada às oportunidades oferecidas de se reelaborar – dar significado, compreender, descobrir, reconstruir – as ideias fornecidas pela ciência. Embora reconheçamos o papel da informação ou descrição dos objetos e fenômenos na compreensão das ciências naturais, é preciso pensar num ensino que permita a criança a refletir sobre uma realidade, que em geral não aparece problematizada, para chegar a uma explicação próxima daquela sugerida pela ciência.

Para envolver as crianças nas experimentações sobre MISTURAS, é preciso organizar tarefas, propor temas para pesquisas, fornecer e buscar diferentes materiais, propor experimentos e orientar a realização destes, além de conduzir as discussões que surgirem no decorrer das atividades. 

As crianças terão a oportunidade de criar hipóteses, de realizar experimentos variados, interrogando o que poderá acontecer com a mistura de materiais sólidos, como separar a mistura de dois líquidos etc. Para isso acontecer, a professora precisa buscar “inquietações” e “provocações”, problematizando os questionamentos, para que as crianças construam explicações, reproduzam informações e produzam conhecimentos. 

No G4.1, a proposta de trabalhar com misturas visa estabelecer relação entre as experiências (situações vividas no dia a dia – misturar água com areia no parque, preparar leite com chocolate para o lanche, montar o próprio prato no momento do almoço etc.) e experimentos (situações programadas e preparadas pela professora, com objetivo para cada proposta). Afinal, a nossa volta, temos um mundo de coisas para experimentar.

Quem convive com crianças diariamente, sabe o quanto são questionadoras e observadoras. Mas, e você? Já parou para retomar um pouco da sua rotina diária e analisar quantas coisas acontecem a sua volta e não percebe. Escovar os dentes, algo que fazemos com grande frequência tem chamado a atenção das crianças: 

"Eu já tentei misturar duas pastas de dentes, uma vermelha e outra listradinha... mas a espuma saiu branca do mesmo jeito. acho que não deu muito certo o que eu fiz. um dia na escovação, o e. colocou muita pasta, que era azul, e a espuma ficou meio azulzinha. mas ele disse que a pasta era ardida, de adulto. será que foi isso? será que a pasta de adulto é diferente de pasta de criança?" M., 5a5m 

Essa e outras questões têm levado as crianças a muitos questionamentos:

- Acho que o bolo que eu faço com a minha mãe é experimento, porque mistura ovo, leite... Um monte de coisas. N., 5a5m 

- Então fazer comida é fazer experimento, só que vai no fogo. B. F., 5a5m 

- Fazer xixi é ? Ele mistura com a água. E., 5a3m 

Com grande repertório de “comentários”, temos colocado a mão na massa para que as crianças possam testar variadas misturas, pensando que estamos dando passos em direção a um caminho ao longo do qual também será preciso efetuar mudanças no significado que as crianças atribuem aos experimentos e na relação que eles mantêm com os modelos e teorias, com a observação e com as formas que permitem consolidar o conhecimento. Nesse sentido, para uma proposta de ensino de qualidade é importante não apenas almejar uma meta, mas se deter nesse processo de reorganizações do pensamento que assume maior ou menor proximidade com o conhecimento produzido.

"A verdadeira aprendizagem é um processo de descoberta e, se quisermos que ela aconteça, devemos criar as condições típicas nas quais as descobertas ocorrem. Sabemos quais são. Elas incluem tempo, lazer, liberdade e ausência de pressão". John Holt, 2006.




Professora Ana Paula Ferreira
Set/2012



Nenhum comentário:

Postar um comentário