quinta-feira, 22 de março de 2012

Controle de esfíncter - descobrindo os hábitos de higiene pessoal

O ensino do uso do vaso sanitário, quando bem iniciado, pode ajudar a evitar problemas posteriores. O início da retirada das fraldas sempre gera grandes dúvidas nos pais. Esse deve ser um momento tranquilo, considerado como parte da vida da criança e dos pais e encarado sem angústias.

QUANDO RETIRAR AS FRALDAS?

Os pais não devem ter pressa desse processo. Uma criança que não tem maturidade suficiente para controlar seus esfíncteres (músculos que controlam a saída da urina e das fezes) e é forçada a deixar as fraldas pode ter sérios problemas de incontinência urinária ou de intestino preso. Portanto, não há nada melhor do que dar tempo ao tempo.

A criança precisa ter algumas habilidades para começar a ficar sem fraldas. Ela deve conseguir ficar sentada sozinha de 5 a 10 minutos, falar, andar para conseguir ir ao banheiro e tirar suas roupas que devem ser de fácil manuseio, como as de elásticos.

Geralmente, uma criança de 2 anos de idade já se encontra pronta para o início da retirada das fraldas. Nunca se esqueça que cada criança tem o seu tempo para aquisição de habilidades. Respeite o momento de cada criança.

ALGUNS PASSOS PARA O TRABALHO EM CASA:

1º: Introduz-se um “trono” para seu uso, que será colocado no chão e, então, verbalmente faz-se a associação entre o trono e o vaso sanitário. Num momento do dia que deverá passar a fazer parte da rotina, de preferência no horário da evacuação, a mãe leva a criança para o trono, sem lhe tirar a roupa, pois a sensação estranha causada por um assento frio poderá fazer com que ela deixe de cooperar. Feito isso, a mãe senta-se com a criança ao lado.

2º: Depois de observar a cooperação da criança por uma semana ou mais, esta poderá ser levada ao trono pelo mesmo período, agora sem fraldas. A rotina será observada e sempre com atenção ao fato de não esperar que a micção ou defecação coincida com o uso do vaso sanitário, pois a criança pode se assustar e a partir daí passar a “segurar” por períodos mais longos. Com essa introdução gradual da rotina se evita que a criança sinta medos. No caso da escola, usamos vasos menores.

3º: Depois de despertar o interesse da criança por estas medidas, pode-se levá-la ao penico duas vezes por dia. Após a criança ter se sujado, a mãe senta-a no trono, tira-lhe a fralda suja e joga as fezes no vaso sanitário, indicando que esta é a função do trono.

4º: Quando um dia coincidir uma certa compreensão e o desejo de obedecer, a criança passará a usar o penico de modo rotineiro, podendo então ser levada ao trono várias vezes por dia quando tiver vontade urinar ou defecar. 

5º: Com o interesse cada vez maior da criança por seu próprio desempenho, o passo seguinte é remover a fralda. Enfatizando para a criança sua capacidade de agir por conta própria. A criança é encorajada a usar o penico sozinha e quando desejar, podendo lembrá-la disso periodicamente. Quando ela estiver preparada para agir sozinha, essa função se torna uma realização excitante, e muitas crianças a essa altura se desincumbem inteiramente dela. Ensinar a criança a tirar a calça (calça fácil de tirar e vestir) provavelmente a ajudará a adquirir um controle independente. 

OBS: Ensinar um menino a urinar em pé constitui um incentivo a mais com a observação e a identificação com o pai e outros meninos. Aprender a ficar em pé para urinar é bem mais fácil quando a criança observa e imita outras pessoas do sexo masculino. Porém, o melhor é introduzir esse ensinamento após o menino ter aprendido a controlar o intestino, caso contrário ele pode querer ficar em pé para defecar.

6º: O uso do vaso sanitário noturno pode ser introduzido após a criança demonstrar interesse em manter-se limpa e seca durante o dia. Isso pode levar um certo tempo, mas geralmente coincide com um aprendizado diurno. Quando a criança demonstra interesse pelo aprendizado noturno, os pais podem lhe prestar ajuda a acordando no início da noite e, assim, dando-lhe a chance de ir ao banheiro.

VIDA SEM FRALDA

Prepare-se para encontrar a cama molhada no começo do treino da retirada das fraldas noturnas. Isso é normal. Entre os dois e cinco anos de idade, a criança não tem total controle esfincteriano e acidentes podem ocorrer. Evite oferecer líquidos antes da hora de dormir e leve a criança ao banheiro antes de deitar e mesmo durante a noite. Não puna ou castigue a criança por ter fracassado. Essa atitude só atrapalha o aprendizado da criança. Elogie sem exageros quando a criança obtiver sucesso. Muitas vezes poderá ficar sentada no penico e no vaso sanitário sem fazer nada e, assim que se levantar, urinar ou fazer cocô na roupa. É normal, o controle esfincteriano está começando. Limpe a criança e faça tudo de modo natural. Meninos e meninas aprendem primeiramente sentados. Algumas crianças regridem nesse processo, pois podem querer chamar a atenção. Um motivo bastante comum para a regressão é a chegada de um novo irmãozinho. Faça desse momento um período de trocas com seu (sua) filho (filha). Dê muito amor e carinho. O único trabalho dos pais é criar condições para que o processo de aprendizado seja o mais descontraído possível. 

O sucesso é aplaudido como uma realização da criança, mas recomendamos aos pais interromperem o processo e tranquilizarem a criança quando houver um fracasso. Ela precisa de uma garantia que não é “ruim” por ter fracassado e de que tudo sairá bem quando ela estiver “pronta”.

O ensino prematuro e forçado do uso do vaso imposto à criança durante o primeiro ano de vida faz com que ela perca o interesse e sinta-se culpada pelo fracasso. O resultado pode ser a enurese e desistência. Convencemos-nos de que o êxito nesta esfera deve ser uma realização independente da própria criança e não o êxito alcançado pelos pais ao escolher a “técnica” correta para treiná-la. Se a criança não estabelecer para si própria a meta de aprender a usar o vaso, os esforços dos pais serão sempre vistos como pressão. Por outro lado, quando é possível seguir um regime que desperte o interesse da criança e sua independência de desenvolvimento, a excitação pode ser bem sucedida e torna-se uma força adicional. 



(Fonte de pesquisa: T. Berry Brazelton. Ouvindo uma criança. Editora Martins Fontes)

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