Mensagem das Avós para a Família

Em função da proximidade do dia das mães, chamamos as avós do THEMA- as mães mais experientes - para nos falar sobre suas vivências. Felizmente muitas aceitaram o convite, mais do que esperávamos e, por isso, não conseguimos escutar todas ou tudo o que elas teriam para contar. Porém, elas nos mostraram a vontade e a disponibilidade que têm de participar de (outros) momentos como esse... 

Cada pessoa tem suas experiências: em alguns pontos muitas se assemelham, em outros se diferenciam. O mesmo pode-se dizer entre as experiências da mesma pessoa: como mãe e como avó. Algumas questões são relativamente iguais, mas alguns papéis ou funções são bem divergentes. Tentaremos retratar de um modo geral a fala atual delas – como avós – e deixamos que o leitor (se) identifique, observe o que se refere à maternidade e o que vislumbra a experiência de ser avó, ou “mãe pela segunda vez”. 

Ser avó (e/ou mãe) é mudar a forma de ver o tempo. É ter tempo para curtir, para aproveitar, para atender vontades e pedidos, para fazer mimos. É ter tempo para apontar limites, para se fazer respeitar. O tempo que sempre está voando, acabando, o tempo que está morrendo. É brincar como criança de novo, ou brincar com criança como não se pode fazer antes. É voltar. É rejuvenescer. É renovar. É aprender. Aprender o que as crianças ensinam. Aprender a conhecer, a observar, a se controlar, a confiar na educação que deu aos filhos, no potencial deles. É respeitar mesmo que não concorde com as maneiras de educar. É tapear com malandragem algumas regras. É dividir, é compartilhar. É ter ciúmes. É ser ajudada pelos pais, avôs, pelas figuras masculinas. É ganhar, muito. É ganhar filhos ou netos que não são seus, genros e noras. É ter seu filho, seu neto. É ganhar carinho. É ser carinhosa. É sentir falta. É perder... perder filhos, perder a mão que segurava, perder a proximidade. É ter um espaço vazio – reservado, dentro de si ou da casa para receber, é ter sempre um espaço para segurar a mão novamente, quando ela voltar. É preencher, é ser preenchida. É olhar para o espaço vazio e buscar ocupá-lo com outras coisas para si mesma. É se desligar. É adorar ser requisitada. É ter valor. 

É descobrir um amor que não se sabe de onde vem. Um amor tão grande que até dói, que faz sofrer. É acompanhar. É seguir. É direcionar. É dar apoio. É doação. É prioridade. É a coisa mais importante da vida, mais gostosa do planeta. É ser ao invés de ter e poder dar isso aos pequenos, além dos presentes e mimos. É ensinar. É educar. É um amor quase que descompromissado, de responsabilidade tranquila - de quem tem tempo para esperar. É compromisso em ajudar. É cuidar. É levar e buscar. É ser mãe no lugar da mãe. É não ser a mãe. É compensar. É brigar com a ansiedade da proteção e do saber. É não saber - é descobrir que não sabe nada. É errar. É acertar. É difícil. É partilhar de fases ruins. É ouvir. É crescer. É mudar, é rever. É não seguir padrões. É não só tricotar, é sentar no chão. É repetir, especialmente o que deu certo. É ser levada pela vida, pelo tempo, pelo amor. É chorar. É sorrir. É alegria, felicidade. É entristecer. É paixão. É emoção. É ser realista. É agradecer. É reclamar. É fazer tudo para os outros. É abrir mão de muitas coisas. É não medir esforços. É acolher. É se recolher. É estar longe. É viajar quilômetros para estar sempre perto. É dedicação. É cansar, não ter mais a mesma disposição. É ficar doente. É enfrentar. É ter pressa para ser mais mãe, ser mais avó. É entender que algumas coisas acabam. É ser linda, ter a beleza da vida. É riqueza. 

É ver que aquele ser que você viu crescendo agora tem um novo ser. É descobrir novos sentimentos. É surpreender e ser surpreendida. É reconhecer os filhos, os netos, a escola, os outros. É valorizar. É parabenizar. É comemorar. É maravilhoso. É transbordar. É imensidão. É tudo. 

Caberia mais um milhão de palavras, mas ainda assim não seria possível descrever, como disseram nossas avós, a “eternidade” de ser mãe...


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