quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Memórias da Educação Infantil - Coordenadora de Aulas Extras


Comecei meus estudos em Dança aos três anos de idade na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, onde nasci. Desde então, venho dançando sonhos, prazeres, memórias, dores, descobertas, superações. A Dança tem me acompanhado em todas as etapas da minha vida, sendo muitas vezes motivo de grande prazer e, em outros, de profunda inquietação uma vez que percebo que ela reflete diretamente a autoimagem e a relação do indivíduo com suas emoções, valores, cultura, enfim, sua relação com o outro e consigo mesmo. 

Dos três aos dezoito anos de idade participei de diversos grupos de Dança em Piracicaba e fiz cursos em outras tantas cidades buscando com isso diferentes técnicas e estéticas corporais. A sensação de estar em palco, diante da plateia e num “aqui e agora” definir um ano todo de trabalho, de ser de fato, mesmo que por um breve momento, uma pessoa sensivelmente potente, capaz de emocionar, tocar e me relacionar mesmo que subjetivamente com tantas pessoas que eu não conhecia até então, era de fato, fascinante para mim. 

Tive muitos professores amorosos, grandes mestres da arte e da vida, como também, me deparei com personalidades enigmáticas como alguns professores que vestiam seus papéis de carrasco em sala de aula, que humilhavam seus alunos, que exigiam privações, que promoviam angústia e baixa estima, gerando constantes crises nos jovens bailarinos, tudo em nome, segundo eles, do primor técnico. Essas experiências me fizeram rever o papel do educador na formação de um indivíduo e me fazem uma profissional que busca sempre trabalhar com respeito, com criatividade, liberdade e sensibilidade. 

No ano de 2005 inicio meus estudos acadêmicos, cursando Dança (Bacharelado e Licenciatura) na UNICAMP. A escolha por esse curso foi justamente por essa ânsia de compreender melhor a dança e tudo que ela significava para mim. Começa então, junto da graduação, minha grande paixão pela pesquisa, pela educação por meio da arte, pela observação do corpo como potencia de vida e de criação e a busca por uma dança mais humanista, sensível e que é capaz de possibilitar ao bailarino um autoconhecimento peculiar. 

Logo depois que me formei (2009), fui convidada pela Myrian para organizar/criar a festa de encerramento daquele ano. No ano seguinte (2010), a professora de dança do Thema engravidou e fui convidada a assumir as aulas de balé. Nessa mesma época, eu já era professora de Balé Clássico e Dança Contemporânea em outras três escolas de Dança em Campinas. Agora, nesse ano de 2012, além de dar aulas de balé, de organizar e dirigir as festividades do Thema (Festa Junina e Festa de Encerramento) fui convidada pela Paula para assumir a coordenação das aulas extras e confesso estar muito feliz com essa nova experiência. É durante as minhas aulas, no contato com a criança e com essa dança criativa (metodologia que venho desenvolvendo) que tenho descoberto o grande prazer de ensinar, de proporcionar às crianças uma atitude mais criativa diante da vida, de enfatizar as boas relações, os bons encontros, as boas experiências. É na coordenação que tenho podido entrar em contato com profissionais maravilhosos, organizando estratégias para poder aproveitar o máximo de cada um deles, formando, enfim, uma equipe sólida que busca dentro de suas especificidades, valorizar a educação integral da criança. 

Com o Mestrado em Artes da Cena - UNICAMP (2011 - 13) experimento em meu corpo questões que são importantes para o estudo em dança: observação da trajetória artística (dar valor ao “tempo de travessia” do indivíduo), questões relacionadas à imagem corporal, processos criativos, simbologia e memória do corpo. 

Minha busca nesse momento como bailarina, pesquisadora e educadora é promover uma nova forma de ensinar, experimentar e vivenciar a arte, podendo ser para meus alunos, para o público que prestigia minha dança, para os professores que tenho o privilégio de orientar, para os futuros leitores de meus artigos e teses e porque não, para mim mesma dentro do meu processo criativo, alguém que se interessa pelo que mobiliza o ser humano e que entende o autoconhecimento como o grande caminho para o desenvolvimento integral do homem. Deixo assim, de ser vítima do acaso, de um sistema rígido, para ser então, protagonista da minha própria história.


Natália Alleoni

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