segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

As crianças estão crescendo... e a mamadeira?


        “Do ponto de vista estritamente pessoal, acho que as mamadeiras, quando administradas, nunca deveriam ser utilizadas após os dois anos e meio, o que não quer dizer que devam ser dadas até essa idade”.
“Acabamos por achar que a mamadeira é a maneira mais fácil para administrar alimentos aos filhos. As mães acham que a mamadeira se presta à administração de verdadeiros coquetéis, em que são misturados leite, chocolate, farinhas, frutas, ovos, verduras, óleo de fígado de bacalhau (...)”.
Como a criança de 1 a 5 anos tem necessidades calóricas menores, come menos e tem um apetite caprichoso (de quem ainda está descobrindo os alimentos e seus sabores), a mamadeira é a tábua de salvação – algumas crianças alimentam-se só com mamadeiras, e algumas chegam a receber até cinco delas por noite e, pasmem, as mães vão ao consultório queixando-se de que seus filhos têm falta de apetite, por não comerem nada durante o dia (também pudera!).
“Por que a mamadeira é nociva depois de certa idade? Por vários motivos. Seu efeito mais visível é sobre os dentes. Pelo estrago produzido nos dentinhos, podemos identificar a maioria das crianças de mais de 3 anos que toma mamadeira ao deitar, principalmente, quando ela contém açúcar. Após certa idade, geralmente após trinta meses, a mamadeira é uma das causas mais frequentes da tosse noturna crônica. A criança, a partir dessa idade, começa apresentar dificuldade em deglutir na posição deitada e passa a aspirar gotas de leite, que são responsáveis pela tosse, a qual, geralmente, começa após a mamadeira. O leite ingerido na posição deitada fica estagnado no cavo e vai atuar como uma substância irritante, causando aumento das adenoides e das amídalas, podendo ser uma das causas de amidalites e adenoidites de repetição. O aumento das adenoides pode levar à obstrução das trompas e, consequentemente, as otites recorrentes. As crianças mais velhinhas que tomam mamadeira têm muito mais sinusites. A superproteção, com seu cortejo de efeitos nocivos sobre a criança, é uma das maiores responsáveis pelo uso prolongado das mamadeiras. Por isso, somos contra o uso imoderado e prolongado das mamadeiras.”
“O ideal seria que uma criança mamasse no peito e, após os 6 meses, ingerisse alimentos semi-sólidos, utilizando-se da colher, e aprendesse a tomar líquidos no copo, evitando-se o uso da mamadeira.”

LISBOA, A. M. J. O seu filho no dia-a-dia: dicas de um pediatra experiente. Brasília: Linha Gráfica, 1997. pp. 23-25.

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